TUDO TEM LIMITES:PARA OS OUTROS !



Qual é o ponto exato de ruptura, da capacidade humana de perdoar. É possível imaginar-se que o perdão tem limite?

Afinal, se é um valor transcendente às mazelas praticadas pelo comportamento dos homens, então teoricamente, o perdão não tem limites.

Assim como, não é possível uma mulher estar, mais ou menos grávida, ou alguém ter mais ou menos caráter ou ser relativamente, honesto, da mesma forma perdão, é perdão. ou não é? Todas as religiões, doutrinas e credos pregam o amor e o perdão.

Entre os católicos, por exemplo, já na tenra idade, o rebento é batizado, crismado e faz primeira comunhão. Com esta blindagem do bem, ninguém poderia dizer que ignorava o valor do perdão, para jogá-lo embaixo do tapete.

Entre os pentecostais renovacionistas em geral, os princípios sobre o perdão, são os mesmos, com pequenas modificações nas formas de administrá-los.

Os hindus, por exemplo, não perdoam que um cidadão passe de uma casta para outra, os católicos que o diabo desça no seu pedaço, os budistas que falem mal do jovem Guatama e que se tornou, o fundador da religião, no islamismo àquele que não faça uma peregrinação à Meca, pelo ao menos uma vez por ano, os mórmons muito ativos,
incansavelmente trabalhadores ,não perdoam os baianos,
e os judeus não perdoam dívida nenhuma!
Exagero? Talvez! Esta evidente demonstração dos imponderáveis sacrifícios, para o cumprimento dos princípios que norteiam o perdão, pode ser retratada nesta passagem, que transcreve um diálogo, ocorrido no interior de Minas gerais.

-Bom dia senhor pastor-prefeito.

-Bom dia Altamiranda. Como vai o seu marido?-

Bem, senhor prefeito, como o Senhor sabe, além de votarmos no senhor, ser da sua igreja, e muito admirarmos seus encantadores estudos da “palavra”, o meu marido ainda o admira muito por torcerem pelo mesmo time, aqui de Varginha.Não é porque o senhor é prefeito, mas o Sr,é um prefeito perfeito!

-Para honra e gloria, irmã. E a sua filha?

-Nem lhe conto...

-Está doente?

-Pior. Fugiu com o filho do seu Beto, dono da birosca.



-Não sabia...

-Pois é pastor-prefeito, estou querendo matá-la. Desculpe a heresia!Desgraçada!

-Irmã, tenha calma e piedade. Foi um momento de fraqueza. É perdoando que somos perdoados...-E está grávida.

-Irmã: crescei e multiplicai! Afinal, não podemos ser tão intolerantes, assim! O erro é a porta de entrada da sabedoria, para aprendermos o caminho certo das coisas, numa próxima situação.

-Desculpe prefeito

-Pastor, mais o meu ódio é muito grande! Mato aquela vagabunda. E ele, o safado aproveitador,ainda por cima, está desempregado...

-E quem não está atualmente? Vivemos momentos de singulares sacrifícios!



-Roubou o carro do meu marido, para fugir com ela.

-Outro lhe será acrescentado, tenha fé e fique calma!

-Ainda por cima, o bandido fuma maconha e viciou minha filha.

-Desagradável. Mas o perdão é o exercício vivo da generosidade.Você tudo pode Naquele que lhe fortalece...

-É linda esta passagem, Senhor pastor-prefeito...

-Só o perdão evita mau hálito, acidez estomacal, câncer no colo do útero...

-É verdade!

-Fora do perdão, não há salvação, irmã. Pense quantas pessoas estão neste momento em situação mais degradante, triste e dolorosa do que a sua. Cada um com a parte da cruz que merece.

-O senhor pastor-prefeito sabe consolar. E a Soninha, sua filha?

-Oh, irmã uma benção. Já me deu muitos netos que tanto eu esperava. Uma benção irmã. Lindos, sadios e parecido com o vovô (risos). Apesar de não sabermos quem são os pai , mesmo assim a perdoei.

-Sr. pastor- prefeito, posso lhe confidenciar uma coisa?

-Ora, Altamiranda, fique a vontade.

-Eu sempre soube da verdade...

-Que verdade, irmã?

- De quem “fez mal” à sua filha e não assumiu. Sempre tive muito medo de contar-lhe.Se eu soubesse que o perdoaria já tinha tirado este peso das minhas costas;

-Não acredito que a irmã, tenha escondido do seu prefeito- pastor coisa tão séria.

-Se eu soubesse que o Sr. era tão generoso assim, a ponto de perdoar, como está, insistentemente, me pedindo, eu já teria dito antes. Eu tinha muito medo que o Sr. mandasse castigá-lo ou coisa pior. Afinal, é o nosso prefeito-pastor, é poderoso, tem muitos amigos, ninguém lhe negaria nenhum favor, nenhum pistoleiro destas bandas ousaria negar-lhe um pedido de matança.
-Diga Altamiranda. Creia que serei ponderado, seja o que favor, creia...


-Sr. Pastor-prefeito foi justamente este infeliz desempregado, maconheiro e safado, que fugiu com a minha filha grávida...

-O quê! Não acredito! Não é possível! Altamiranda, mando colocar você no "pau de arara",não minta para o seu pastor - prefeito. Eu lhe dou uma porrada! A minha pressão fica descontrolada,Altamiranda e depois que eu perco as estribeiras, nem o satã me segura.


-É verdade, infelizmente esta é a triste verdade. Só tive coragem de falar, pois está tão feliz com sua filha, que acabou de lhe dar o netinho, que tanto queria, para honra e graça do...

-Do cassete,Atamiranda! Honra e graça do cassete. Canalha! Eu mato este fdp, ordinário, pústula. Vou saber onde está e mandar cortar aquele pau endomoniado, desgraçado...

-Não faça isso, prefeito-pastor! Pode ser até endemoninhado, eu concordo, mas isso que o senhor quer cortar agora, é da minha filha. Se o Sr. mandar cortar, o parque de diversões vai ficar sem brinquedo, sem graça nenhuma.E não vai poder voltar atrás.
-Eu não vou desistir e ele é que m vai passar a dar atrás.

-Pastor perdoa.Não decepa!

-Voucortar aquele troço e pedir Tião Manjuba para estuprar ele e jogá-lo no rio das piranhas - finalizou colérico, e com Altamiranda, debatendo-se nos seus braços, horrorizada de medo e pedindo perdão à sua filha, como que tentando exorcizar aquela confissão, por todas as terríveis conseqüências que adviriam, principalmente pela ameaça da perda irreparável daquele membro endemoninhado, que parecia já ter sido dela, também. Que inferno!Mais do que nunca Altamiranda, lembrou sua avó que lhe dizia:



-Perdoar é fácil,mas quando não é o nosso que está ardendo!

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