PRESENTE DE NATAL: MEIAS BRANCAS, NUNCA MAIS!











Foi‑se o tempo, no qual em festividades como o natal, a grande opção principalmente, daquela tia pão-dura era nos presentear com aquele indesejável par de meias brancas. Não precisávamos nem abrir o embrulinho, pois a prática de tantos anos seguidos recebendo aquela droga, já podia ser identificada pelo tato e o volume do presente.

O pior era que nenhum comerciante embrulhava uma paupérrima e simplória meia para presente. Então aquilo era enrolado num papel de presente amarrotado que elas já tinham em casa e colado com fita durex cortada no dente o que Ihe deva um aspecto distorcido e indesejável.

Mesmo assim e, para não aparentar falta de educação, tínhamos que abri‑lo e exclamar com um sorriso maior do que o do Papai Noel:

‑Ah, que lindo!

Em seguida vinha aquele beijo na tia que nos abraçava com tanta força como se tivesse nos presenteado com uma Ferrari.

Bem, mas passado é passado. Atualmente, neste fantástico mundo globalizado e com este mercado invadido, seja pelos indefectíveis produtos asiáticos ‑ fabricados com mão de obra escrava -passando pelas falsificadíssimas mercadorias paraguaias, ate os mais sofisticados sonhos de consumo oriundos do primeiro mundo, a variedade, diversidade e múltiplas oportunidades de escolha para quem gosta de presentear bem e de forma inesquecível é de fato incontestável, desde que seja, obrigatoriamente um celular.


Hoje o celular é o substituto enfadonho, indigesto e tedioso daquele par indesejável de meias brancas, safadas e de nostálgica lembrança.

Sem ter a menor intenção de forçar frase de duplo sentido, mas na realidade o natal era uma boa...meia. No entanto, as meias podiam ser pretas, brancas e cinzas ‑ ou cores que variavam muito pouco e em tomo disto. Quanto aos aparelhos celulares, tem de todo tipo, cor, tamanho, preço e com funções tão desnecessárias que até assustam. E quanto mais completos e complexos, mais caros.Mas, não se impressione com isto, pois os financiamentos cheguem até aos vinte anos, sem entrada e com prestações tão baixas que qualquer um desses milhões de brasileiros desempregados podem comprar.

As vendas de celulares evoluíram tanto que as empresas agora, os dão gratuitamente.





Existem também, estes hiper financiados aparelhos da moda, milhares de opções de toques de chamadas possíveis e imagináveis como mugido de vaca, latido de cachorro, sirene de ambulância, apito de trem, freada de caminhão, grito de mulher no parto, gritos e sussuros de orgasmos femininos, sons de instrumentos com oboé, tuba, bateria, enfim tem para todas as sensibilidades.

Outro dia em pleno centro da cidade ouvi gritos desesperados de socorro acompanhados de rajadas de metralhadoras de alto calibre e poder de fogo o que fez com que eu e vários outros transeuntes nos jogássemos no chão e já com as mãos na cabeça, até que uma voz feminina gritou mais alto do que aquele pavoroso ataque terrorista atendendo seu celular:

-Alô benzinho, já estou indo pra casa.

Fiquei radiante em saber que o Iraque ainda não era aqui. E os tamanhos? Ah, os tamanhos destes notáveis celulares! Alguns cabem na palma da mão, outros mais ousados já fazem o tipo supositório. Mas tamanho, não é mais, só e isoladamente, o que leva a compulsiva obsessão de consumo destes aparelhinhos e, sim as suas funções.

É aqui que toda a criatividade tecnológica desta infernal massa encefálica humana, diz ao que
veio.E tem mais :celular, não falha.De qualquer lugar deste planeta terra você consegue falar com um nitidez espetacular.Se o seu celular não pegar ou não falar de certos lugares o problema é seu.leia os manuias, corretamente. São simpçes e objetivos. Os nossos avós pensavam que telefone era para telefonar. Certo? Absolutamente, errado.Telefone é para jogar games, escutar musica, tirar fotografia, filmar, alisar os cabelos, depilar. as axilas e outras seis milhões e trezentas funções que não cabem nem no manual que vem de fabrica.Você vai recebendo aos poucos e mensalmente todos os apêndices explicativos do manual original, seguindo a metodologia de Jack "O estripador".Por partes, por partes e sem estresse!

É muito interessante e adoravelmente instrutivo ler os manuais. Se você estiver desempregado então é um verdadeiro achado. Apesar de todo mundo ter um, a impressão que se tem é que aquele que esta sendo usado na sua frente é único e distinto de todos os demais.Aquele, especificamente, com certeza deverá ter uma função ou qualquer outro "mistério" que nenhum outro tem, pois o usuário ao falar no seu celular, passa a impressão de que o Bush está Ihe convidando para passar um final de semana no Iraque, ou quem sabe o dono da Microsoft insiste em convidá‑lo para presidir a sua empresa.

Dizem que os gordos são mais espalhafatosos quando usam seus aparelhos.Já as mulheres são acusadas e injustamente de falarem demasiadamente, jogando muita conversa fora, entre risinhos, caras e bocas.Os corruptos e políticos – necessariamente, não nesta ordem - só falam ao celular tapando a boca junto ao aparelho, e os caidinhos financeiramente, só recebem ligações e quando ligam, é a cobrar.

Já os mais idosos além de babarem muito, os celulares repetem constantemente certas palavras como:

- o quê? Não, entendi, fala mais alto, mais aaaalto...

Portanto neste natal tenha personalidade, não se deixe levar pela mesmice e acima de tudo, faça diferente do que faziam suas tias e dê um celular de presente. Desta forma estará colaborando para a campanha do natal sem fome das gangues de arrastão ou do pivete ávido por um roubinho, básico e rapidinho.

Celular continua sendo o alvo principal desta gente excluída.

Mas, afinal é dando que recebemos e um feliz natal!

-Alô, alô...

3 comentários:

Marcelle Rocha disse...

"Hello, moto!
Hello, hello, hello..."

^^

Feliz Natal!

Bruna disse...

Olá Paulo!!!


Feliz Natal pra você tbm!

Grande abraço!

Tagarella disse...

senti sua falta. Não ando muito bem, a pobreza acabou com os panos de chão de tanto jogar eles fora, porque as toalhas já foram há muito tempo.hhhhhhhhh
Que a Grande Ma~e dê em 2009 uma colheita farta e uma caça somente para o necessário.
com carinho.
Qual bairro você mora?