MORDENDO A PRÓPRIA ISCA.


Um grupo de homens casados, mensalmente reunia-se – com a imprescindível autorização das suas companheiras, para pescar durante todo um fim de semana.

Só eles.Todos amigos da mesma empresa e a maioria, de infância também.Um grupo seleto!

Eram os dias que aqueles casais se permitiam à liberdade de um afastamento temporário, que para muitos revitalizava o sentimento de ausência e fazia com que o reencontro fosse uma isca para o começar tudo de novo.

Homens de meia-idade.Acordavam cedo e eufóricos e suas mulheres mais ainda, afinal nada de fazer almoço, jantar, ficar-lhes paparicando no sofá enquanto engoliam quilos de pipoca, variados tira-gostos, dezenas de latinhas de cerveja, olhos grudados na televisão e esquecendo-se atéde tomar banho.Alguns só tiravam os pijamas que vestiam na sexta -feira à noite, na manhã da segunda!

Só a viagem até uma praia distante do litoral já recompensava o fato dos peixes não concordarem que eles tivessem a pretensão de pegá-los. Mas, valia pela conversa!

Aliás,circula por aí, uma versão muito maldosa e preconceituosa a respeito dos relacionamentos entre as mulheres, afirmando que, quando elas se reúnem o papo é curto, uma não dá chance da outra falar e quando , acabam de criticar todas as amigas ausentes e algumas mais afoitas ,os maridos de terceiras, a conversa acaba.

Cada uma para o seu lado. É curto e grosso!

Já os homens seriam capazes de ficar conversando horas seguidas, enumerando as mulheres que tem vontade de comer, as que já comeram e aqueles que não morrerão sem comê-las.

Conhecem todos os outros homens que são chifrados e não fazem a menor idéia e jamais admitem que eles podem estar encabeçando-literalmente - a lista dos galhados.

Afirmam que fulano é ladrão como se já tivessem arrombado algum cofre com ele, que a filha da vizinha já deu para o filho do outro morador e aquela mulher que nunca lhes deu a menor confiança, raivosamente acusam-na de lésbica.

O pior é que inventam estórias mirabolantes para comprovarem suas reprimidas fantasias sexuais frustradas.Enfim, como está muito na moda atualmente, dizer-se, é assim mesmo, ou seja, cada um no seu quadrado!

No entanto estas pescarias entre estes amigos, realmente sempre foi um negócio muito divertido.Em geral, antes de tirarem dos carros suas bugigangas e quinquilharias, aportavam num restaurante tipo choupana de beira de estrada que a noite funcionava como puteiro.

Meninas de vida fácil eram então recrutadas pelos maridões pescadores, para dar uma certa incrementada entre uma varada e outra no mar a espera que algum peixe débil mental mordesse a isca.

Bem, pensavam eles, o que não podia acontecer era que uma viagem tão longa, ficasse a ver navios.

E as mulheres selecionadas pelo dono do restaurante eram todas muito novas, verdadeiros filezinhos de anchova, garotas de 20 e poucos anos para coroas de mais de 50.Umas belezinhas e dentro dos conformes.

Êta, final de semana maravilhosa.Que pescaria, que nada!

Num belo e ensolarado final de semana, um dos “pescadores” revolveu - talvez movido por implacável sentimento de culpa - propor aos demais que nesta pescaria suas mulheres também fossem. Afinal, agregar a família, fazer uma grande celebração dos casamentos, seria um negócio muito legal. Entre algumas caras feias de uns poucos que não aprovavam “inteiramente” a idéia e após, muitas discussões, a maioria aprovou desde que não levassem filhos, empregadas, netos, noras, cachorros, periquitos e o escambal. Tudo bem. Eles e as suas mulheres. E só. Aprovado por unanimidade.

Chegaram em casa comunicaram as” patroas “. Uma delas, já queria comprar dois biquínis novos, a outra achava que deveriam levar uma geladeira portátil a querosene fabricada na china, a outra disse que tinha visto um televisor de plasma de 20 polegadas à bateria, lamparinas de nitrogênio líquido quase de graça em vinte e quatro parcelas, e que existiam agora sacos de dormir de nylon escocês para não ficar se coçando à noite na areia...

Para encurtar a conversa, os cartões de crédito dos infelizes, ficariam no débito por esta simplória idéia de levá-las a esta pescaria, por muitos anos. Negado. Tudo negado!

A pescaria é lugar de simplicidade, desapego, fruir a natureza, sem ostentação, nem excessos de gastos supérfluos!

Tudo combinado lá se foram.Momentos agradáveis, paisagem bucólica, um congraçamento como nunca se viu. Ao chegarem à praia, um deles teve a idéia de levar suas esposas para tomar um refrigerante no restaurante-choupana e logo ao entrar ouviram, em tom de revolta, entre surpreso e frustrado, o dono do estabelecimento deixar escapar a desastrosa exclamação:

-Ué, o que aconteceu? Dispensaram minhas meninas? Onde contrataram estas putas velhas?

ÀS VEZES SER LÉSBICA, NÃO TEM GRAÇA NENHUMA!



Existem mulheres e deusas. Esta era uma delas. Rosto redondo com as sobrancelhas naturais destas que nunca viram pinças. Lindas. Boca carnuda, nariz aquilino estilo Aleijadinho, seios não-reciclados, originais, tamanho pêra grande e estavam acesos. Curvatura de cintura perigosa para quem quisesse entrar correndo demais, pois seria uma derrapagem inevitável e um par de coxas exuberantes que terminavam nas canelas mais lindas e já esculpidas ela natureza vi.Aquilo era uma deusa!

Para ficar mais bonita, ainda, ela não tinha pelos e sim, penugens ralinhas e lourinhas nos braços.Sua pele parecia casca de pêssego.

Olhei-a. Ela não me olhou.Mas que absurdo!


Deixei meu celular cair aos seus pés.Quase pisou em cima.Quando foi mais a frente é que eu pude ver por trás.

Que nádegas!

No tranco, bati no seu ombro e perguntei:

-Conhece a rua da Carioca?
Ela não respondeu. Simplesmente apontou com um dedo enorme na direção; Aí menti.

-Eu não sou daqui.Sou mineiro.Conheço pouco o Rio de Janeiro.

Ela continuou calada e eu do lado dela.perguntei se ela era bailarina. Fingiu que não escutou.Insisti, na primeira pergunta.

-Tem certeza que a rua Carioca é pra lá?
Aí ela parou.E com aquelas enormes sobrancelhas franzidas disse:

-Por favor, me deixe em paz!
Senti que não estava agradando. Menti de novo:

-Você me desculpe, mas estou muito carente, perdi minha mãe semana passada.
Então, sem olhar para mim disse com absoluta formalidade:

-Pêsames
Forcei um tremer de lábios, como se estivesse querendo choramingar de emoção, mas parei com aquela palhaçada, pois ela continuava a não olhar para mim.
Menti de novo.

-Sabe você parece muito com a minha irmã?

-Ela é bonita? - reagiu, demonstrando que estava andando e, finalmente, viva.
Exagerei:

-Bonita? Minha irmã já foi miss Belo Horizonte, Rainha da Primavera, Miss Suéter, Rainha do Carnaval de Ouro Preto e Coxas de ouro de Poços de Caldas, não necessariamente, nesta ordem, mas já foi isto tudo.
Então ela parou e perguntou:

-Ela mora com você aqui no Rio?

-Mora.

-Moramos na Barra da Tijuca, eu e ela.

-Ela tem namorado?

-Não, minha irmã é muito esquisita -continuei mentindo descaradamente.

-Esquisita como?

-Ela só têm amigas, é uma mulherada danada, atrás dela. Nunca vi minha irmã com um namorado.
Ela segurou-me pelo braço e perguntou, apertando-me:

-E você acha isto estranho?

-É meio estranho, acho que minha irmã gosta é de mulher...
Ela apertou mais o meu braço e sacudiu um pouco aquele corpão maravilhoso, perguntando taxativamente:

-Você acha que sua irmã é lésbica?

-Acho que ela gosta de mulher. Mais é passiva.

-Passiva ou ativa?

-Eu nunca sei bem o que é passiva, e ativa...

-Ativa é quando é lésbica por opção, o negócio dela é mulher como se a mulher fosse um homem.

Passiva é quando gosta de lésbica e pode ser as duas coisas.E ainda gostar também de homens.
Que confusão na minha cabeça.Aquilo era igual, por exemplo, num jogo de futebol o jogador bater um córner, sair correndo para dentro da área e fazer o gol de cabeça.

-Olhei, bem dentro dos seios dela, ainda estavam acesos.O canalzinho
que separava um do outro era uma linha quase invisível. E os seios dela estavam empinados. Uma beleza! Fiz questão que ela visse que eu estava olhando, também acintosamente, para as marcas que as coxas dela deixavam no vestido de um tecido leve e branco.Segurei no seu braço.Ela imediatamente disse:

-Que mão quente! Homem com mão quente, geralmente é frio!

-Não é o meu caso - retruquei oferecendo-lhe um café com chantili, biscoito e o escambal.
Ela aceitou, acho que, mais pelo escambal.
Sentamos lá no fundo.

-Garçom, por favor, traga-me... E pedi tudo que tinha direito.

Passei as mãos nos cabelinhos do braço dela, no sentido contrario. Esta operação chama-se “pêlo ao contrário” Ou seja, deixei-os todos em pé.

Segurei na mão. Ela tirou. Dei-lhe uma coxeada.Ela não deixou.Tentei novamente, nada feito.

-Esta bom o café?

-Está-respondeu monossilabicamente.

Que mulher.Aquilo me levaria onde ela quisesse.Nossa que absurdo!Eu estava imaginando ela nua, de ladinho, fingindo que estava dormindo e eu muito acordado, encaixando-me por trás, sem fazer muita arruaça.De repente ela arregaça as narinas e pergunta:

-Como se chama sua irmã?

-Que irmã ?- A mentira tem pernas curtas...

-Minha irmã, ah, sim minha irmã a gostosona da família? É Lúcia Helena – consegui, consertar tudo a tempo.

-É mesmo este mulherão todo que você está falando?

-Minha irmã? Bem eu acho ela tão gostosa quanto você.

-Você me achou muito gostosa?

-Sinceramente, nem precisava tanto.

-E sua irmã é tão gostosa quanto eu?



-Mas, vamos falar de você.

- Não vamos falar da sua irmã.Quero conhecê-la.

-Por favor, não diga...

-Sou!

Por dentro de mim parecia que estava caindo gelo seco.Queimava e me deixava gelado.Para não ter, nenhuma dúvida, da dúvida que estava tendo da dúvida que eu estava querendo duvidar, fiz questão de ouvir com todas as letras e perguntei:

-Você é lésbica?

-Sou!

-Então, peça à conta que eu já volto.

Esta foi minha última mentira. Nunca mais a vi.

COMEÇANDO COM MUITAS DÚVIDAS.


“Se você quiser entender tudo, nasça de novo”.





Está na Bíblia, em Gênesis: No quinto dia da criação Deus disse: "Que a terra se encha de criaturas vivas".

Então ele criou os animais da terra, o gado e tudo que rasteja, para se reproduzirem; e Deus viu que isso era bom. E Deus disse:

"Façamos o homem à nossa imagem e semelhança".

E o Senhor formou o homem do pó da terra, e assoprou em suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se uma alma vivente. Assim Deus criou o homem à sua imagem. Ele criou o macho e a fêmea.

Deus chamou o primeiro homem de Adão.

Mais tarde, Adão chamou a mulher de Eva. Aí é que começou a confusão!

Será que Adão teve o necessário bom senso de praticar um ato de cumplicidade e cavalheirismo e humildade em dialogar com a sua parceira para estabelecer um clima de entendimento para ver se ela, realmente estava de acordo com o nome sugerido por ele?
Quem sabe Eva não preferisse chamar-se Mary Hellen?

Ou então para não nunca sair da moda: mulher - maçã?

Teria sido esta a causa da revolta de Eva, que insatisfeita pelo possível rompante de machismo e falta de sensibilidade de Adão, em não admitir que as mulheres necessitam, exigem e têm direito de alguém para abrir-lhes as porta do carro, mandar flores, propiciar-lhes eternas preliminares na alcova ou jamais esquecer dos seus deliciosos bombons recheados de chantilly?


Será que Adão desconheceu que, ela iria tornar muito mais divertida a sua vida, do que viver comendo maçã, caçando veados campeiros ou trepando em árvores?

E Eva, poderia ter se entregado ao pecado, somente por vingança? É difícil acreditar que seja verdade a máxima que diz: ”Mulher não trai. Vinga-se”.


É incrível aceitar que antes mesmo de procriar com Adão, ela já estivesse de olho na cobra, e excitadíssima, só em pensar naquele veneno. Como, Eva poderia ter esta noção comparativa de melhor ou pior se Adão ainda não tinha sequer comparecido nenhuma vez na prazeirosa arte de procriar?


Sejam, quais forem às razões Eva preferiu entrar na da cobra. Estava consumado! Se antes, quando ambos já estavam nus e disto, nem tinham nenhuma vergonha, ao invés de aproveitaram a bíblica oportunidade para crescer e multiplicar, sem precisar de analista e antidepressivo para acalmar suas culpas, não fossem tão irresponsáveis consumistas e deixassem à maçã de lado e partissem logo para decidir o jogo, o mundo talvez fosse muito melhor.


Foi uma transação errada, muito parecida com aquela que algumas mulheres fazem, ainda hoje, entupindo suas casas de quinquilharias e estourando todos os cartões bancários disponíveis, parecendo Evas, famintas por ter no final do mês, muitas contas venenosas para pagar.


Realmente, tudo começou muito mal! E continua.