E ERA SÓ UM AMOR PLATÔNICO...





-Alô é Bianca, tudo bem?Agora já posso te contar...

Assim começa o telefonema de uma mulher casada e apaixonada, após dois meses de um namoro platônico, com o melhor amigo do seu marido.



Ela não contou nada antes de “solidificar” o namoro, apesar de platônico, porque temia que sua amiga pudesse roubar o cara - mesmo sendo aquela, “sua melhor amiga” ou, exatamente, por isso mesmo.

Dentro desta estratégia, cuidadosamente, planejada, telefona para a confidente e, para variar não a deixa falar uma só palavra durante esse emocionante monólogo que as mulheres conseguem realizar, mesmo estando as duas “conversando”.

Aliás, algumas além de falarem muito, são capazes, também, de fazerem tudo simultaneamente. Objetivamente, vamos aos fatos:

Se você der mais de duas ordens para um homem realizar ao mesmo tempo, ele ficará absolutamente, pirado, terá ânsia de vômito, suor frio e correrá para o banheiro, já com as calças na mão.

Já a mulher, por exemplo, consegue dar banho no filho, enquanto frita batatas, atende rapidamente, a porta, coloca um pouco mais de sal no feijão, volta para acabar de ensaboar o garoto - e se ele estiver de pinto duro, ainda o obriga a fazer xixi - estende o pano de mesa e coloca os talheres. Acabou? Que nada só está começando!

Dá comida para os cachorros, espanta as moscas da cozinha, continua falando com a amiga no telefone sem fio, carregando-o imprensado entre o ouvido e o ombro, despacha o entregador do gás e, continua falando, duplamente, com a amiga e o filho que está saindo do banho, repetindo histericamente que a toalha esta em cima da tampa do vaso sanitário.

Espanta o cachorro da cozinha e continua relatando para a amiga, seus sonhos libidinosos, com aquele amor hipotético. Vai ao fogão tira o macarrão, joga no escorredor de água. Enquanto isso toca a campainha.

É o tintureiro. Atende ao tintureiro e ainda disfarça que não está notando que o entregador não tira o olho das suas coxas.


Ele está tão eufórico como se aquilo já fosse o seu décimo terceiro salário.

Pergunta ao tintureiro quanto é. Paga e continua falando ao telefone.
Agora o tintureiro admira-lhe os generosos seios naturais. Ela vê tudo e finge não entender nada, pois, mulher é o único ser vivo, capaz de olhar trezentos e sessenta graus sem virar o pescoço, ver e fingir que não está vendo nada. Ato contínuo pendura algumas roupas e volta para cozinha.

O feijão esta quase queimando, desliga. Tira o filho do banheiro e também começa a vesti-lo, pois está chegando a hora de almoçar. Tem que levá-lo a escola. Antes precisa passar no laboratório para apanhar o resultado do exame de fezes do marido, que está com diarréia há quinze dias. A razão? Só come porcaria, enlatadas, ensacadas e achocolatados, vendo televisão. E tome cerveja!.



E este verdadeiro goela profunda, com uma imensa barriga sempre em ebulição ainda, vive acusando sua mulher de estar com problemas digestivos, pela excessiva quantidade de condimentos que ela bota na comida.

Além desta infâmia, ele ainda exige que ela tenha orgasmos múltiplos e delirantes de uma eterna amante no aconchegante cantinho do amor, depois de um trabalho escravo diário. É mole?

A Bianca continua ao telefone, feito uma idiota!

Pede desculpas a Bianca, por ter que desligar, pois já está atrasadíssima e ainda não tomou banho, mas depois elas se falam. E ela ainda vai ter que fazer serão na empresa!

Falam-se?