CALOR DO AMOR, EM CIMA DO TELHADO.







Era um daqueles dias ensolarados de verão,no qual as mulheres apesar de estarem de fio dental e dentro d’água do mar, ainda assim ficam todas suadinhas, além de molhadinhas.

Quanta sensualidade!

Isto depois de terem que disputar no tapa um metro quadrado de areia para fincar o seu pau da barraca!

A frase ficou meio dúbia, porém deu para entender, não é?

Mas esqueçam estes devaneios e vamos a historinha real.

Nosso amigo, solitário, dentro de casa, amargurado e irritado com o calor que estava sentindo, pensou até de forma irresponsável e desesperada , entrar no freezer.

A sensação que ele tinha era a que de que a sua pele estava encolhendo e derretendo como o gelo das calotas polares.

Pois é, quarenta e dois graus a sombra. E na sombra onde ele estava, parecia literalmente, o Quinto dos Infernos de Dante de Alighieri, na sua obra A Divina Comédia.

E não era absolutamente, uma divina comédia.,pois o cara reclamava, reclamava, reclamava de forma trágica e desesperadora..

Enfim, tomava água, chupava pedras de gelo e misturava com cerveja estupidamente, gelada e além disso sonhava estar debaixo de uma bela cascata.

Muita água , pois o calor era aterrorizante!

Os cachorros todos de boca aberta e moribundos , esparramados pelo chão, pareciam estar mortinhos, como se tivessem acabados de desfilar na Avenida Marquês de Sapucaí pela sua escola de samba preferida, e olhavam para o dono como se pedissem menos calor, e mais consideração.

Uma mania que todos pensam que funciona e abrir a geladeira e apanhar aquele bafo frio nos peitos.

Ledo engano pois, não afasta o calor e o aproxima de uma bela pneumonia.

Então, depois de todos os paliativos, não restava mais jeito: o negócio era ligar mesmo o ar condicionado.

Não tinha mais saída, dane-se a conta no final do mês! E então, ao ligar o ar condicionado, imaginem: faltou energia e então, o apagão total.
Bem, sem saída resolveu apelar para a natureza e quem sabe um ventinho distraído , não correria pela janela? Então, foi nesse momento que ele teve uma das maiores lições da sua vida .

Numa casa em frente, em cima do telhado um operário, tirava e recolocava algumas telhas, sinal de que deveriam estar provocando vazamentos.

O cidadão estava brilhando de tanto que suava,e então o outro que dentro de sua
casa estimava uma temperatura de quarenta graus imaginou que , lá no meio daquelas telhas, a sensação térmica deveria ser, de no mínimo uns cinqüenta graus.

E pensou que o operário iria rolar lá de cima, pois era impossível aguentar aquele calor de um verdadeiro crematório.

De repente, ao invés do óbito esperado, o bravo pedreiro olhou para a janela e ainda pediu desculpas por estar, possivelmente devassando a casa do inconformado calorento e sorriu de forma amigável, começando a cantarolar, ensaiando um leve rebolation e fazendo paródia de uma conhecida musica:

-“Quero que você me ame neste inferno e que tudo mais vá pro inverno” – finalizou ainda com um gracejo, dizendo que aquela era a musica preferida da sua amada.

Realmente, a vida é sempre uma moeda de duas faces, e até a maior dor é capaz de suportar os maus tratos ao físico, se lá dentro estiver abrigando um coração fervendo, sim, mas de paixão, tornando assim a vida muito mais suportável, inclusive ao calor.

Fica então o ensinamento de que a dor pode ser inevitável , mas o sofrimento é opcional.